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Sou professora. Apaixonada de carteirinha pela alfabetização, adoro dar aula para o 1º e 2° ano fundamental,sou uma pessoa que acredita que ainda faremos uma educação de 1º mundo,gosto de tudo que é novo, e gosto de estar me atualizando, enfim não gosto de rotina.

segunda-feira, setembro 07, 2009

Escola: espaço de cultura e formação

Fátima Camargo



Vive-se, hoje, um momento bastante diverso e não menos difícil.Não há mais um porto seguro nem verdades que nos sustentem. O futuro é incerto, e o presente se mostra, em função de todas as mudanças e na velocidade em que se apresentam, quase invariavelmente, como um grande desafio a ser enfrentado, para o qual nem sempre dispomos dos recursos necessários.
Neste contexto, múltiplo, conflituoso e incerto, inscreve-se a escola, e não são poucos os constrangimentos enfrentados pelos educadores no cotidiano das instituições de ensino.

A realidade com a qual se defrontam os educadores se manifesta terrivelmente adversa e contrária a tudo o que foi dito e ensinado na formação inicial. Freqüente-mente, o educador se sente perdido e jogado à própria sorte, tendo que encontrar, por sua conta e risco, as saídas possíveis. O contato travado com a realidade produz a oferta de outros modelos e abala crenças antes defendidas. No momento atual, a realidade das práticas e do universo do ensino ganha matizes inusitados.

Os educadores sentem-se traídos pela sorte e pelas promessas da formação. O inconsciente coletivo da categoria ainda espera por um aluno ideal, atencioso, estudioso, disposto a responder com presteza às solicitações do professor e a comprometer-se integralmente com os deveres, aos quais a condição discente o obriga. Diante desse aluno, seria possível aos educadores verem cumprido, a contento, o seu papel, este ainda não totalmente liberto do perfil missionário de décadas atrás, por terem constituído primeiro o bom aluno e, na seqüência, o bom cidadão, correspondendo, através de sua atuação docente, aos ideais redentores da escola.

Por outro lado, o lugar de autoridade inconteste, anteriormente ocupado pelo educador e legitimado pela sociedade e pela família, se relacionava não só ao domínio que este possuía sobre o conhecimento, mas à situação diferenciada em que se encontrava em relação ao aluno. Ele não era igual ao aluno, em nada. Dele, diferenciava-se pela postura assumida, pelas experiências acumuladas, pelo padrão e pela diversidade das referências culturais com as quais chegava à sala de aula, pela linguagem que utilizava, tanto quanto pelo conhecimento do qual era portador.

Em função das muitas variáveis históricas que pontuaram a trajetória da educação e, de roldão, a de seus agentes, justificada, sobretudo, pelo processo de proletarização crescente vivido pelo professor, a autoridade inconteste, também simbólica, deixou de existir.

Sem a intenção de produzir indevidas generalizações cremos que o professor hoje, em larga medida, confunde-se com o aluno e compartilha com ele da mesma cultura disseminada em âmbito mundial: a de massas. Possui os mesmos gostos e preferências e fala a mesma linguagem de jargões, não necessariamente por gostar dela, antes, talvez, por considerá-la instrumento de aproximação com o grupo de alunos. Assiste aos mesmos programas de TV e aos mesmos e poucos filmes, invariavelmente, aventuras hollywoodianas. Lê pouco, quase nada, um ou outro best seller. São pouco freqüentes suas idas a exposições e a museus e possui restrito repertório musical. O modelo que deveria ser oferecido pelo educador, diferenciado dos usuais, com os quais os alunos estão familiarizados e que já não lhes ensinam mais nada, deixou de existir.

Desta feita, a barbárie, a "terrível sombra de nossa existência", assim nomeada e descrita por Adorno, caracterizada como o contrário da formação cultural, através da banalização dos valores, da disseminação dos tabus e preconceitos, e da opressão e desumanização do homem, instala-se e atinge também o profissional da educação. Combatê-la implica na "desbarbarização das pessoas", e essa é uma tarefa a ser realizada pela escola e pelo conjunto dos educadores, através da desconstrução dos estereótipos que minam o cotidiano e do compromisso com a valorização e ressignificação da cultura, a fim de que seja possível revitalizar o espaço escolar.

Neste sentido, é tarefa da formação contínua pensar a escola como instituição cultural e considerar o currículo de formação do educador para além dos limites da reflexão sobre estratégias didático metodoló-gicas de aplicabilidade imediata no âmbito da sala de aula.


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