Na educação brasileira, em 2017, três discussões vão dominar a cena: a reforma do ensino médio, a base nacional comum curricular e a crise do ensino superior.
Na reforma do ensino médio, há previsão de turbulências. O início foi desajeitado; o desenho, pouco participativo; há resistências, poucos recursos e, ainda por cima, o Procurador-geral da República, Rodrigo Janot, enviou parecer ao STF, às vésperas do recesso do Senado, declarando a medida inconstitucional. Tudo indica que este será um ingrediente a mais num momento que já é de bastante controvérsia entre os três poderes.
Os pontos mais promissores da reforma estão na flexibilidade (os estudantes escolhem certas áreas na formação) e na integração com o ensino técnico. Mas a implementação não será fácil: envolve mudar o currículo, ampliar a jornada escolar e capacitar os professores.

Escola envolve a comunidade na educação



A Base Nacional Comum Curricular, até agora, não recebeu a devida importância, com a atenção da sociedade desviada pelo caos político do país. É urgente retomar o foco sobre a versão mais atual do documento - que vem sendo debatida desde maio em seminários por estado, e recebendo deles novas contribuições. Não deveríamos terminar 2017 sem uma definição com a qual a maioria dos envolvidos se sinta confortável e que resolva as principais inconsistências do ensino, hoje sobrecarregado de conteúdos e distante da vida concreta.
Por fim, o ensino superior enfrenta um cenário de incerteza, devido à redução das políticas de financiamento, os cortes no orçamento e a queda no número absoluto de matrículas, motivada também pelas deficiências de aprendizagem dos estudantes.
O mercado de trabalho, cada vez mais exigente, está sofrendo as consequências de terem se aberto as portas das faculdades, sem a devida estrutura e sem que os alunos tivessem as competências mínimas. As instituições precisam rever seus processos de ensino e avaliação – sob pena de formar um sem número de pseudoprofissionais, munidos de diplomas de areia.
Enquanto isso, pelo mundo, nas nações de alto desempenho educacional, outras discussões estão em marcha. Sala de aula invertida, metodologias ativas e novos papeis do professor, com apoio de tecnologias, são realidades que chegaram mais rápido do que aqui. O desempenho dos estudantes brasileiros, na lanterna dos exames internacionais, mostra que ficamos para trás. Colocar a educação como alta prioridade é uma decisão que não deveria mais ser adiada.

(Foto: Reprodução/TV TEM)